sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ver Vendo

De tanto ver , a gente banaliza o olhar_vê.... não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil , mas não é: o que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como um vazio.


Você sai todo, pela mesma porta.Se alguém lhe perguntar o que você vê o caminho , você não sabe.
De tanto ver, você banaliza o olhar.Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório.Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro.Dava-lhe bom-dia e, ás vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.


Um dia o porteiro faleceu.Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia.Em 32 anos nunca conseguiu vê-lo Para ser notado , o porteiro teve que morrer. Se um dia tivesse em um lugar uma girafa cumprindo o rito , pode ser, também , que niguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e baixa a voltagem .Mas há sempre o que ver:gente , coisas , bichos.E vemos? Não , não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê.Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez, o que, de tão visto ninguém vê. Há pai que raramente vê o próprio filho.Marido que nunca viu a própria mulher.


Nossos olhos se gastam no dia-a-dia , opacos.
...É ,por ai vai que se instala o monstro da indiferença.











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